Textos

Minha boca

Minha boca diminuiu,
porque as palavras quiseram ser tuas
e partiram.
Partiram, num silêncio estridente
de ventos, agitando as madrugadas.
Minha boca murchou! Murchou no tempo, quando,
roubada a hora sagrada das orações delirantes,
deixaste, em tuas pegadas firmes,
um papel escrito com o f de infinito
na dobra aberta...
E ficaste, sim, no silêncio incerto das horas dos páramos,
e na pele da terra, com as enchentes tórridas
refletindo o céu que penetra em minha boca
quando quer dizer teu nome
e  pedir, do corpo, o que lhe tomaste.
Prostrado, ei-lo, a uma urdidura convulsiva,
tecida da constelação de sonhos que inauguram o dia.
Silêncio... Silêncio... Silêncio!
Retira da minha boca esse dedo e mais esse,
e o outro mais que se avizinha,
e deixa-os no meu corpo,
porque, agora, sei onde me perdi da tua palavra:
na boca diminuída... fechada.
A minha!


Canoas, 2009/RS
Eliane Triska
Enviado por Eliane Triska em 11/02/2009
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