Textos

Meus rostos


O meu rosto antigo,
Deixei-o, na margem,
Pintar a estiagem
Com solos de trigos.


O meu rosto antigo
É o palco da fome.
Aqui ninguém come
Não há um abrigo!

O meu rosto antigo
Foi feito de terras
Com mortos de esperas,
Na fila dos vivos.

O meu rosto antigo
É um flash dos ecos
Da noite em botecos,
Sem ter um amigo.

Meu rosto moderno
- Que feia sucata!
Tal planta da mata
Fadada ao inverno.

Que me sobre um rosto
Só um! Bem-me-quer!
E viva a mulher
Colhida do agosto

Ou sobre nenhum!
Do qual nenhum sobra
E cobre, da obra,
O ouro e o jejum.


Canoas, março de 2011/RS

Eliane Triska
Enviado por Eliane Triska em 01/03/2011
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